Explicação do vestido azul e preto... ou branco e dourado

Max Vargas

Nas últimas horas a Internet vem sendo assolada pelo debate sobre a cor de um vestido mostrado em uma imagem. A acirrada luta é representada de um lado pelos que o vêem nitidamente branco e dourado, e do outro lado os que vêem o vestido nitidamente azul e preto. Há ainda os que o vêem de um modo durante um tempo e de outro, posteriormente. O vestido é, na verdade, azul e preto, tal qual todo o mundo pode comprovar sem dificuldade na segunda imagem. Qual é, então, o motivo de tanta gente percebê-lo como branco e dourado na polêmica foto?

Durante todo o dia foram dadas diferentes explicações possíveis. A que parece contar com o maior apoio por parte dos entendidos é a que se refere ao efeito conhecido em psicologia da percepção como “constância da cor” ou “retinex”. Postulada em 1970 pelo cientista Edwin Herbert Land, esta teoria explica como o olho humano percebe de forma constante a cor de um objeto, anulando os efeitos da iluminação presente. Deste modo, na imagem abaixo nosso cérebro “sabe” que as cores dos dois balões são as mesmas e que somente as percebemos diferentemente devido à diferença de iluminação.

Devido a este efeito, na imagem seguinte percebemos a parte superior e a parte frontal do cubo de modo distinto, apesar de terem cores idênticas (que podemos comprovar com qualquer programa de desenho, como se pode ver na imagem da direita). O cérebro vê que a parte frontal está na sombra, e “supõe” que a cor da parte superior é mais clara do que está sendo percebido. De maneira que faz, de algum modo, uma retificação. Se retirarmos a sombra, o cérebro vê ambos os quadrados das partes frontal e superior como sendo da mesma cor, como realmente são.

Voltando ao vestido da discórdia, o que parece acontecer é que nos falta informação acerca do contexto e da iluminação. Ao tirar ao foto de tão perto, não sabemos se o vestido se encontra, por exemplo, próximo a uma janela, iluminado por luz natural ou por uma luz azulada (se o cérebro faz alguma destas suposições tenderá a ver o vestido branco e dourado, interpretando que o leve tom azulado é produto da iluminação) ou talvez no interior, iluminado por uma luz amarela (neste caso o cérebro não verá “dourado”, mas o simples reflexo da luz no preto, e não verá branco, mas sim azul com certa intensidade, exatamente como o vestido original).

Quem tiver algum interesse em saber mais um pouco acerca deste fenômeno e conseguir se sair bem com o inglês, pode consultar o artigo da Wikipedia a respeito da constância da cor, ou ver este vídeo explicativo que fala sobre o fenômeno do vestido.